sábado, 22 de novembro de 2008

Sem remorsos e sem causas. Só o leve pulsar da palavra, da letra articulada, lida lentamente, do texto deglutido às luzes cerebrais, que às vezes devem existir algumas e que tanto as temos de prezar. Disseram uma vez que a palavra é fato e que não trai. Discordei na época, mas agora não sei. As palavras estão aí, de modo que qualquer um pode usá-las, ao seu proveito (talvez isso que tenha pensado àquela época); mas talvez os seus significados mais sutis, aliados à escolha das diversas maneiras de arranjá-las, mesmo rude e inconscientemente, deixem escapar, senão exibir, o sentido a que foram propostas, ou a intensão de quem as escreveu. Pode ser, ainda tenho minhas dúvidas, mas o certo é que, na hora de lidar com elas, por mais labirínticas que sejam suas possibilidades, por mais difícil que seja a lapidação textual, que nada mais é que a escolha precisa dos vocábulos e sua colocação exata, as palavras continuam aí, ao nosso dispor, e se não conseguimos expressar tudo, pois algo de indizível há ainda, alguma coisa, ínfima que seja, deve poder se dizer, dizer, veja-se bem, tanto que as palavras enxugarão algumas lágrimas que porventura não caíram.

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